terça-feira, maio 31, 2005

Ist

Não me arrependo dos corpos que conheci. Das peles, dos cheiros, dos vergões e das vermelhidões, dos espasmos e do sabor da carne quente e ofegante. Gosto dos olhares, dos lábios entreabertos, dos olhos semicerrados, das imprecações, do poder que isso me dá, do saber que ao toque dos meus dedos outro ser é meu e pode chegar aquele momento supremo. Gosto das palavras sincopadas, das asneiras e das hesitações, dos gritos, do descontrolo total que só a entrega de um corpo pode permitir. É como se Deus brotasse das pontas dos dedos. É a realidade alternativa recreada entre os lençóis. Corpos, forças em contínua batalha. Quando os corações se acalmam e as respirações voltam ao normal o que se pode pensar é: cumpriu-se...

sexta-feira, maio 27, 2005

As noites dos teus dias...

... pertencem-me.

W.

"... fat women with horns screaming about how happy they are to be dying..."

quarta-feira, maio 25, 2005

iX

Todo o mistério da nossa vida é apenas um globo de neve comprado numa loja de souvenirs. Um cliché do tamanho do mundo que é tão certo como a morte. Quero um dia da minha vida como um filme de James Ivory.

The coming storm ou a tempestade que vem

Quando é possível que se consiga ver o mundo com outros olhos e com outra percepção do que nos rodeia algo nos diz: "tem cuidado...". Mas, por vezes, o melhor é mesmo deixar ir e gozar o que podemos. O abandono compensa. Dá gozo. Dá elação. É o que temos. Gosto de sentir uma coisa assim de quando em vez... Até a vida corre melhor... Um luxo!

terça-feira, maio 24, 2005

Anymore

O bom porto assim me aparece. Uma miragem.

Bazzarat

Sinto a vida a escorrer de mim lentamente, mas com propósito.

Danço com lágrimas nos olhos

Estou no fim da corda. Farto. Está demasiado calor para me preocupar com tanta merda inútil. Nada já vale nada. Nem eu. Gosto de ver quem ainda consegue ser. Mas são poucos. Não me apetece andar por aí a arrastar-me sem destino. Não tenho idade nem estatuto social para isto, como dizia a outra. Certo. A Paula diz-me que só lhe apetece chorar. Quem me dera. Seria bom. Mas nem isso. Raios! Sem rumo. Cem rumo. Cem nada nada. Water from a vine leaf.

segunda-feira, maio 23, 2005

Missa brevis

Não gosto de estar assim. Não quero estar assim. Sinto-me azedo e incapaz de perdoar. Não há ginástica de perdão que me valha. Apetece-me apenas estar aqui e não ligar. Olho para todos e não consigo mais do que desejar que evaporem. Rapidamente. Permanentemente. Não gosto de ninguém e isso preocupa-me. Sempre o desejei, mas agora penso que não é possível. É um alívio sentir alguma coisa, de quando em vez. Por pouco que seja. Foi isso que me permitiste. E por isso te agradeço. Só é pena que estejas tão longe. Quero a continuidade de que me falou o PG no outro dia. Essa mesmo, sem as síncopes que tanto mal fazem. Essas mesmo. Que raio. Porque é que aquilo que nos faz sentir bem só nos aparece como uma miragem distante, provocadora, mas incapaz de durar... É sempre assim, suponho. Mas não gosto. Não quero. Quero-te aqui ao pé de mim, quero olhar nos teus olhos e ver aquilo que vi da primeira vez. Todas as vezes. Sempre.

We stand or fall...

sexta-feira, maio 20, 2005

Viemos para dançar

Vejo-me preso nas palavras de André Gide: "Cada desejo enriquece-me mais do que a posse sempre falsa do objecto do meu desejo."

Não sei o que fazer...

sexta-feira, maio 13, 2005

Fora de si

Não quero saber. Não me interessa nada. A cobiça manda no mundo e eu cobiço com quantas forças tenho. Gosto. Preciso. Vi quem queria ver, quem tinha sonhado ver. Uma vida toda. Um olhar. Assim mesmo. Lá longe. A distância é o melhor escudo. Lá fora. A saber: no reflexo de um mar de esmeralda, num raio de sol a furar um céu plúmbeo, na beira de um mar que não é o meu. E saber que sim. Em suspenso. Sem rede. Sem futuro. Sem tempo. Fora de si. no meio do mundo. Magari...

quarta-feira, maio 04, 2005

Compostura/Cona sorriso

Isto é tudo um tanto ridículo, naturalmente. Em demasia. Tal como nós, suponho. Nem por isso. Sempre é melhor do que não fazer nada. O que é que podemos fazer com todo o nosso glorioso tempo livre? Andamos de um lado para o outro, quais baratas tontas, tentando atingir algum nível de divertimento. Vale tudo. Sexo, drogas e rock'n'roll. Sem o rock'n'roll, claro. Deus nos livre. Não, nós não. Fazemos o que temos que fazer ao som de qualquer coisa que tenha máquinas. Linhas de baixo sujas, orgânicas, cardíacas. Para que os nossos ouvidos possam sangrar e os nossos cérebros derreter. Desculpas, desculpas. Adoramos cada minuto. Os carros, as drogas, as festas, as roupas, o sexo, o vagabundear com intenção, a falta de objectivos, o afundar, o andar às voltas em circuito fechado. A espiral contínua. Beijos às raparigas, beijos aos rapazes. Cristo morreu pelos nossos pecados e nós achamos que ele não foi muito inteligente por se ter deixado apanhar. Pobre tolo. Por isso é que gostamos tanto dele. Por isso é que o transformamos em gloriosa silagem para os nossos demónios mais negros. Cristo é sempre homem, um tipo bem parecido pregado a uma cruz. Adoramo-lo através dos nossos excessos,vimo-nos em cima dele e ele em cima de nós. Sagrada esporra. AS igrejas são os melhores locais para festas, é algo subterrâneo, a ver com a atmosfera desses sítios. Uma noite qualquer houve uma festa de máscaras, o tema foi a Inquisição. Momentos de loucura. Afinal, o Senhor estava connosco...

terça-feira, maio 03, 2005

Clique/Cona seca

Eu morro. Tu morres. Gary Numan dixit. Este torpor alimenta-se de toda a merda que temos que aturar. Não, isto é apenas uma má desculpa. Rei da tanga. Demasiado maduro. Demónios. As pessoas engravidam. Mas quem poderá querer ter um bebé neste mundo, nesta altura? As pessoas são estranhas. Ninguém quer ser feliz. É muito mais fácil fingir-se de morto e deixar rolar. O mundo lá fora é demasiado louco, mesmo quando pensamos que já sabemos o que queremos da vida. Pichas. Tenham medo das preces atendidas. Fechem o coração. Abram o rabo. É a única forma de sobreviver. Divirtam-se. A vida é uma merda de um festival de t-shirts. Todas as más t-shirts. As mesmo muito más. A linha da beleza. Mas estamos a falar de quê? Quem é que quer saber? Quem é que se interessa? O tempo está bom para os patos. Sentir amor. Feel love. Como se fosse possível. Escrevo-te uma carta: Cara alma fodida, quero meter-te os dentes para dentro a pontapé, esmagar-te o crâneo e dar-te aos porcos. Suponho que te amo. Não consigo parar de pensar em ti. A sério. Teu para sempre.

Riste e mandaste-me ao Inferno. Pois... é sempre assim...