segunda-feira, junho 27, 2005

Vervaceous

Hoje apetecia-me escrever sobre palavras, o seu significado, a sua importância et al., mas o meu espírito está murcho. Por isso, socorro-me das palavras de Tina Weymouth, via Tom Tom Club, "Wordy Rappinghood":

"What are words worth? What are words worth? - words
Words in papers, words in books
Words on tv, words for crooks
Words of comfort, words of peace
Words to make the fighting cease
Words to tell you what to do
Words are working hard for you
Eat your words but don’t go hungry
Words have always nearly hung me
What are words worth? What are words worth? - words
Words of nuance, words of skill
And words of romance are a thril
lWords are stupid, words are fun
Words can put you on the run
Mots precieux, mots senseux,
Mots qui disent la vérité? mots maudits, mots mentis,
Mots qui manquent le fruit d’esprit
What are words worth? What are words worth? - words
Its a rap race, with a fast pace
Concrete words, abstract words
Crazy words and lying words
Hazy words and dying words
Words of faith and tell me straight
Rare words and swear words
Good words and bad words
What are words worth? What are words worth? - words
Words can make you pay and pay
Four-letter words I cannot say
Panty, toilet, dirty devil
Words are trouble, words are subtle
Words of anger, words of hate
Words over here, words out there
In the air and everywhere
Words of wisdom, words of strife
Words that write the book I like
Words won’t find no right solution
To the planet earth’s pollution
Say the right word, make a million
Words are like a certain person
Who can’t say what they mean
Don’t mean what they say
With a rap rap here and a rap rap there
Here a rap, there a rap
Everywhere a rap rap
Rap it up for the common good
Let us enlist the neighbourhood
It’s okay, I’ve overstood
This is a wordy rappinghood, okay, bye.
What are words worth? What are words worth? - words
What are words worth? What are words worth? - words
He’ll stop ... don’t stop ... stop.

Não conseguiria fazer melhor.

Tenho dito.

"Better days will surely come our way"
Massive Attack, "Better Days", Protection 1994

É tão triste perder a Musa.

sexta-feira, junho 24, 2005

Um quarto cheio de silêncio

Ok. Tudo isto é uma espécie de discussão contínua comigo mesmo: Porque é que deveria, ou não, fazer tudo aquilo com que fantasio? Gostava de conseguir perceber isso por mim mesmo e não ter que me apoiar nas leis morais, legais e religiosas que regulam o que se deve e não deve fazer. Os certos e os errados. No fundo, não acredito numa ideia de uma verdade colectiva. Suponho que, filosoficamente, sou um anarquista. Acredito que todos temos o que precisamos dentro de nós para tomarmos as decisões certas. De qualquer modo, e apesar de tudo, já tenho menos medo de enlouquecer, de perder a cabeça e fazer um qualquer disparate a mim próprio, ou aos outros, mas dificilmente me posso considerar livre. Mas já é um princípio.

The Gift

"Darling don't you understand
I feel so ill at ease
The room is full of silence and it's getting hard to breathe
Take this guilted cage of pain and set me free
Take this overcoat of shame
It never did belong to me
It never did belong to me
I need to go outside
I need to leave the smoke
'cause I can't go on living in this same sick joke
It seems our lives have taken on a different kind of twist
Now that you have given me the perfect gift
You have given me the gift
For we have fallen from our shelves
To face the truth about ourselves
And we have tumbled from our trees
Tumbled from our trees
And I can almost...
I can almost feel the rain falling
Don't you know it feels so good
So let's go out into the rain again
Just like we said we always would"
The Gift
Annie Lennox
Diva 1992
Não sei explicar. É uma daquelas coisas que se mete na pele. É uma canção, mas mais que isso. É uma suspensão de partículas sonoras que flutua, sem peso, sem gravidade. Um esqueleto sonoro. Das coisas mais belas que já ouvi. Não sei explicar porquê. E é aquela voz... You have given me the gift.

quinta-feira, junho 23, 2005

Certitude

À falta de palavras minhas para exprimir o que me vai na alma (sim, ainda por cá anda...), socorro-me desse grande homem, cuja Musa é toda-poderosa: Neil Hannon, pois então...
A saber:
"Sometimes at night the darkness and silence weighs on me. Peace frightens me. Perhaps I fear it most of all. I feel it's only a façade, hiding the face of hell. I think of what's in store for my children tomorrow; "The world will be wonderful", they say; but from whose viewpoint? We need to live in a state of suspended animation, like a work of art; in a state of enchantment... detached. Detached."

The Certainty of Chance
The Divine Comedy
Fin de Siècle

I rest my case...

Detached.

quarta-feira, junho 22, 2005

Espumas e dias

A tua boca serve para me dizer que nada do que eu possa fazer por ti servirá para alguma coisa. Prefiro assim. Iliba-me da responsabilidade de tentar agradar. Não quero. Quero ser um monstro de egoísmo, absoluto mar negro de auto comiseração. Quero chafurdar num mar de lama fétida para me libertar de toda a merda que me rodeia e que faz tanto parte de mim que até me assusta. Vários pensamentos negros assombram-me. O descontrolo entre aquilo que faço e aquilo que sinto é tão grande que me sinto tonto. Dubnobasswithmyheadman. Poderia perfeitamente enlouquecer, branda e docemente. As hélices são brandas e já pararam de girar.

"Love needs its martyrs
needs its sacrifices
They live for their beauty
and pay for their vices
love will be the death of
my lonely soul brothers
but their spirits shall live on in
the hearts of all lovers"

The Love Thieves
Depeche Mode
Ultra 1997

terça-feira, junho 14, 2005

Sissinghurst

É agora!
Nada mais.
Pele ardente.
Olhos flamejantes.
Sorriso torcido.
Alma negra.
Punhos cerrados.
Sangue mau.
Uma pomba muito azul.
Uma pequena verdade.
Tu que me tiveste.
A lembrança diluída.
As águas pasmadas.
Uma meia noite pausada.
A vida acorda.
Um beijo nervoso e lento.
O homem cede ao desejo
como a nuvem cede ao vento.

Thurston

Grita o teu amor
as estrelas estão negras
a igreja é doce
a minha pele está a arder

Guia a minha mão, Senhor...

... até dentro de ti, meu mundo, minha dor, minha loucura.

1000 espelhos

Singela homenagem a Eugénio de Andrade, com tema caro ao senhor Marquês:

"Respiro o teu corpo:
sabe a lua-de-água
ao amanhecer,
sabe a cal molhada,
sabe a luz mordida,
sabe a brisa nua,
ao sangue dos rios,
sabe a rosa louca,
ao cair da noite
sabe a pedra amarga,
sabe à minha boca."

Respiro o teu corpo
Eugénio de Andrade.

segunda-feira, junho 13, 2005

Magnificat

O que é real? O teu olhar azul no meio das luzes infernais daquele clube surreal onde um mar de gente se abanava freneticamente como se as suas vidas dependessem disso? Ou os teus lábios na minha orelha a dizerem-me "quero-te a ti...". O que é a realidade? Tu a flutuares no meio da multidão ululante, como se não houvesse gravidade, a desfazeres-te em luz? Mas os teus olhos sempre cravados nos meus disseram-me: a realidade somos nós.

Pode ser.

Podemos dormir para sempre.

Tweet

É para que saibas: quero rebentar contigo, deixar-te em estilhaços, nada mais que um monte fumegante e pestilento de sangue, suor e lágrimas.

Quero que morras às minhas mãos, quero foder-te até que invoques o nome do Senhor, mesmo que seja em vão; quero que sintas que a tua vida está nas minhas mãos, no delírio da minha mente, naquele momento de descontrolo que eu possa ter... ou não.

Quero que tenhas medo quando te vieres por entre suspiros e gemidos e olhos transidos, como se esse fosse o teu último momento nesta vida.

Quero foder-te no altar de uma igreja, debaixo da imagem protectora de Cristo, que o esperma seja sagrado, salgado, abençoado nos teus lábios, na tua face, a vida Ela própria.

Só quem te inflige a dor a poderá fazer desaparecer.

Quero a tua carne marcada pelo poder dos meus actos, quando estiver dentro de ti quero que grites, que te sintas a arder, que te pareça que te partes em dois; os fogos que ardem dentro de ti serão depressa apagados.

Quero.

God is a DJ

Todas as mortes são iguais. Mas há mortes que são impolutas, verdadeiras; romanas.

quarta-feira, junho 08, 2005

Verandah Reprise

O espaço entre nós é o limite entre o ser absoluto e a absoluta estupidez de quem acha que sabe alguma coisa...

Não me parece que esteja a fazer sentido.

Gosto do cheiro da carne fresca fremente e dura a torrar ao sol impiedoso deste verão fora de tudo. Gosto do desafio que impõem os jovens ao mundo e das promessas ameaçadoras que fazem. Porque são promessas contra mim, que eu tenho que esmagar e tornar minhas.

Deus cumpre-se através da carne jovem.

E eu cumpro-me através da carne jovem.

Draculae vivit.

A minha mão não é mais do que

Mardemorte

Uma enxurrada de proporções bíblicas, segundo o Paulo. Solução final e absoluta. Negrume em total. Verborreico, tergiversador, retórico, nada reduzido a nada. Os olhos azuis que me perpassam a alma até eu já não ter alma que me valha. Castelos construídos sobre fofas nuvens. Idolos com pés de barro. Filmes do Greenaway. O Paulo entornou água sobre a cabeça e nada mudou. Nem nós. Sinto longe. Fellini 8/8. KLF. What time is love?

Pink panther sweet baby jesus mary mary on your knees bang bang kiss kiss love you to death and stuff over and over the rainbow play your cards well and your eyes are like diamonds in the rough rider syndrome marlboro country braindead spread all over the world baby turn turn until nothing comes to nothing

afronta afrontamento raios parta ovos mole gritos cinzentos esta noite água para jogar sobre mim já que deus não colabora em menos de nada tatatatatatata estás com vontade e medo do chuveiro ahahahahahahahahah.... apanhando do ar e deve sair daí boa coisa louco louco e não é pouco em cima do pelo que nunca é pouco inveja inveja lalalala quando se vai no carro levar nas trombas mais vale um carro em cima de ti toda molhada sem yoga agora tinha que ir dar aula sem papa doce vira ao contrário ahhhhhhhh dá-me que eu vou...

Momentary lapse of reason...

Pérolas

rioja rioja
reverência
Marrocos azul profundo
a água na pedra
a água no betão
a água na areia
a água fumegante

o vento o sal o barco brilhante que se aproxima estás na água meu velho em cima daquela casa branca o azul profundo da andaluzia vermelho amarelo vermelho amarelo carro negro luz vermelha local negro lá longe as muralhas cadeira azul marrocos marrocos hamburgo paris as peças do puzzle estão à espera a água dos barcos negros deslizando barcos brilhantes saindo para o mar e tu a flutuar a flutuar um tipo velho louco no sótão

loucoloucoloucoloucoloucoloucoloucoloucoloucoloucolou

quarto branco quarto solar quarto sombrio noite transmitindo carros através do quarto
estas coisas dançam através do quarto enquanto eu te observo deitado na tua cama

regressando a ti

loucoloucoloucoloucoloucoloucoloucoloucoloucoloucolo

Larham Hill (O mar em volta)

Disseste: Não és nada na minha vida.
Eu disse: A lisonja não te vai levar longe.
Disseste: Sabes o que vejo quando olho para ti?
Eu disse: Mal posso esperar.
Disseste: O que não foste.
Eu disse: O que não fomos.
Disseste: Destruimos tudo.
Eu disse: Tal como dever ser.
Disseste: Apenas merda.
Eu disse: Rock'n'roll.
Disseste: Estás com bom aspecto.
Eu disse: Faço o que posso.
Disseste: Fazes-me lembrar o ontem.
Eu disse: Já passou, ontem.
Disseste: Nada mais.
Eu disse: Tive a certeza. A certeza. Uma vez. Apenas. Foi.
Disseste: ...

terça-feira, junho 07, 2005

Cristo de muletas

Control.
Opal.
Os teus olhos nos meus.
Os teus braços à volta do mundo.
A pele a queimar.
Dizes-me que o mundo é grande.
A tua mão mostra-me o poder.

... morto vivo...
... auto...
... medicamento para os dentes com sabor a mentol...

Doce no inverno.
Doce à chuva.
Agitar bem antes de usar.
Dizes-me,
"Já não me tocas daquela maneira"

Conector: in
Receptor: out
Deixas-me entrar pela porta de trás.

... relaxa...
... é como se estivesse a vomitar...
... toda a noite a dançar...
... deixa-o começar...
... pinga...

Monta-te nos ritmos santificados do comboio da meia-noite para lado nenhum.
Os ritmos santificados.

Doce no inverno.
Doce à chuva.
Agitar bem antes de usar.
Disseste,
"Nunca mais me tocaste como dantes".

(oh não)
Catalisador...

(és um)
Catalisador...

Sinto-me tão sujo
e a luz cega-me os olhos.

Aí vem Cristo de muletas.

... dez cêntimos para atirar ao inferno...
... olha para ele, escondido...
... hã? quem mais-

"Chama-me trampolim molhado,"
disseste-me hoje
mas eu estava demasiado ocupado com a minha cabeça.
Agitar bem antes de usar.
Disseste-me,
"Mas já não me tocas como dantes"
Eu estava demasiado ocupado a ouvir cenas de sexo pelo telefone,
entrando pela porta de trás.

Nos teus calções claros e apertados
a nossa loucura disparou
e dançamos.

... ah, sim, chegaste a entrar...
... diz aos outros que entraste ...
... olha para as tuas fantasias eróticas de pacotilha...
... hã...
... hei...
... grandes pensamentos...
... yeah...

As minhas loucuras vêm do canal seis...
até às falhas de electricidade.

E a luz cega-me os olhos
e eu sinto-me tão sujo.

Hei.
Yeah.
Rock'n'roll.

E a luz cega-me os olhos
e eu sinto-me tão
abandonado pela minha fé.

Aí vem Cristo de muletas.

E aí vem outro deus
(aí vem outro deus)
como um trovão ocre
com um cheiro a açucar
e uma língua de veludo
e voodoo de marca.

Mas eu tenho o sexo pelo telefone para me salvar
do vazio das minhas 501
secas a frio na minha nova religião
com os meus dentes cravados
no centro da minha cabeça.

Mas tenho o canal seis...

Mas tenho o canal seis...

A luz cega-me os olhos
e eu sinto-me tão sujo
(sinto-me tão sujo...)
Aí vem Cristo de muletas
(Cristo de muletas)

Não me deixarei cair na confusão
(na confusão)

Deixaste-me confuso

Não me deixarei cair na confusão
(não serei outro homem)

... sujo sujo sujo...
... segundo arrepio...
... chupando carmins...

Esta pressão de opiniões.

Anima-te.
Ouve os teus olhos, disseste-me tu.
Mas tudo o consegui ver foi a Doris Day
e um satélite multicromático
a desaparecer no metro na baixa
com aquele maníaco psicopata alegre.

e a luz cega-me os olhos

e a luz queima-me os olhos

e tenho sempre o canal seis...

Épico.

quarta-feira, junho 01, 2005

Sluurp!

Vício de boca. Coisas boas para morder e chupar...

Um abaixo

Coisas maravilhosas acerca do novo álbum dos System of a Down, "Mesmerize":

. O título do ano: "This Cocaine makes me feel like i'm on this song"... Genial, não?
. Melhor pregão contra a censura: "My cock is much bigger than yours/My cock can walk right through the door", de "Cigaro"... Palavras para quê?

Me happy...