Pet Shop Boys: You Only Tell Me You Love Me When You're Drunk (2000)
How true...
A Palavra do Senhor...


E com três coisinhas apenas se faz um fim-de-semana glorioso com todas aquelas partes absolutamente imprescindíveis para as nossas vidas marcianas: amigos, comida e humor.
À partida este filme padece de um mal terrível, chamado "Brideshead Revisited", a série da Granada que é um dos marcos absolutos da ficção televisiva inglesa e universal de sempre. Logo, uma questão se impunha, para quê fazer este filme? A única resposta seria uma qualquer nova visão sobre a obra de origem, o livro de Evelyn Waugh. Pois. O problema é que, de facto, isso não aocntece, essa nova visão não existe e tudo aquilo empalidece em relação à memória da série original. Porque essa tinha a voz de Jeremy Irons, Anthony Andrews, Claire Bloom, Sir Laurence Olivier, Sir John Gielgud, Diana Quick, a música de Geoffrey Burgon e tudo o resto que fez dela um dos avatares dessa coisa indefinível que é a qualidade britânica. Mas em bons. Além disso, a série tem 11 episódios de 1 hora e aí está um dos seus triunfos, o tempo que se permite ter para tudo se encaixe e faça sentido, todas as minudências, os silêncios, os espaços. Fazer o filme em pouco mais de duas horas obrigou, naturalmente, a uma condensação da história, uma espécie de versão digest da obra. Primeiro pecado. É que assim, a acção parece correr e passa por cima de grande parte das subtilezas da história e temos um daqueles livros de resumos para estudar para os exames. Mas falta tudo o resto. Assim, como aspectos positivos temos Emma Thompson e a sua Lady Marchmain, Michael Gambom, mesmo em cabotino, mas que resulta e temos Matthew Goode que compõe um Charles Ryder que bebe muito do Jeremy Irons da série, mas que se aguenta e tem o olhar, a voz e a crispação para se fazer credível. Pecados existem dois terríveis: a redução de Sebastian a um mariconço mimado e alcoólico, que mata a personagem e a reduz a uma caricatura, algo que deixa um travo de amargo e traz à liça Anthony Andrews e o seu complexo e fascinante Sebastian; e a Julia de Hayley Atwell reduzida a uma adolescente inconsequente e mimada, sem qualquer espessura dramática. Só por isso, todo o edifício vacila. Depois, há Veneza, Castle Howard e tudo o resto, filmado como um luxuoso telefilme, falhando em ideias de cinema justamente onde a série as tinha... Uma oportunidade perdida de pegar numa grande obra e fazer algo de memorável para este novo tempo. Assim, mais vale pegar nos dvds e ver série original em todo o seu esplendor, ler o livro e ouvir o cd de Geoffrey Burgon com a banda sonora. E, sim estaremos aí muito perto da perfeição...
Charles Dance (Sir Jasper Holmby)
Há música para todos os gostos, todos os desejos, todas as ocasiões, para absolutamente tudo. E depois existe aquele tipo de música que faz reverberar as cordas mais intimas dos nossos por ora delapidados seres. Música que pega em nós e nos atira ao ar, vira-nos do avesso, faz-nos sair do nosso pequeno contentamento quotidiano. Música que nos devolve o poder de acreditar, de fazer, de assumir, de correr riscos, de acreditar. Uma espécie de salto de Fé todo-poderoso que nos torna os seres que sempre acreditamos podermos ser. Pessoalmente, tenho uns quantos exemplares do que foi escrito e que me provocam tudo isso e muito mais, muito, muito mais. Mas, talvez, o über exemplo seja mesmo o álbum "Heartland" das inglesas Client. Não falha e é um instrumento de uma eficácia total para me transformar num SuperHomem, capaz de conquistar o mundo só porque sim, porque me apetece e porque sou capaz. Nem consigo explicar a razão, o que me parece lindamente, eu que detesto explicações. Prefiro o mistério das coisas, dos sentimentos, dos acontecimentos. Gosto do que acontece apenas porque acontece. Esta música é isso mesmo, um milagre, que se abate sobre mim e me faz tudo aquilo que já há muito tempo nem as pessoas nem o mundo conseguem: devolver-me à vida. Em bons. Em dourados. Em belos. Em poderosos. Em absolutos. Com sorrisos e apelos à carne. Como deve ser. Bastam os primeiros acordes de "Lights Go Out" e eu sou Deus. E depois há "Someone To Hurt", "Xerox Machine", "Get Your Man", "It's Not Over", "Drive" e todas as outras... Electro, pop, cool, frio, cerebral, chique, decadente, tudo está lá. E cada vez é como se fosse a primeira vez, o que ainda é mais espantoso. Dia que comece assim, está garantido! Um dia destes ainda vou falar sobre o reverso desta medalha, as Girls Aloud... Até lá, vou fazer do mundo a minha coutada. Peace!