À partida este filme padece de um mal terrível, chamado "Brideshead Revisited", a série da Granada que é um dos marcos absolutos da ficção televisiva inglesa e universal de sempre. Logo, uma questão se impunha, para quê fazer este filme? A única resposta seria uma qualquer nova visão sobre a obra de origem, o livro de Evelyn Waugh. Pois. O problema é que, de facto, isso não aocntece, essa nova visão não existe e tudo aquilo empalidece em relação à memória da série original. Porque essa tinha a voz de Jeremy Irons, Anthony Andrews, Claire Bloom, Sir Laurence Olivier, Sir John Gielgud, Diana Quick, a música de Geoffrey Burgon e tudo o resto que fez dela um dos avatares dessa coisa indefinível que é a qualidade britânica. Mas em bons. Além disso, a série tem 11 episódios de 1 hora e aí está um dos seus triunfos, o tempo que se permite ter para tudo se encaixe e faça sentido, todas as minudências, os silêncios, os espaços. Fazer o filme em pouco mais de duas horas obrigou, naturalmente, a uma condensação da história, uma espécie de versão digest da obra. Primeiro pecado. É que assim, a acção parece correr e passa por cima de grande parte das subtilezas da história e temos um daqueles livros de resumos para estudar para os exames. Mas falta tudo o resto. Assim, como aspectos positivos temos Emma Thompson e a sua Lady Marchmain, Michael Gambom, mesmo em cabotino, mas que resulta e temos Matthew Goode que compõe um Charles Ryder que bebe muito do Jeremy Irons da série, mas que se aguenta e tem o olhar, a voz e a crispação para se fazer credível. Pecados existem dois terríveis: a redução de Sebastian a um mariconço mimado e alcoólico, que mata a personagem e a reduz a uma caricatura, algo que deixa um travo de amargo e traz à liça Anthony Andrews e o seu complexo e fascinante Sebastian; e a Julia de Hayley Atwell reduzida a uma adolescente inconsequente e mimada, sem qualquer espessura dramática. Só por isso, todo o edifício vacila. Depois, há Veneza, Castle Howard e tudo o resto, filmado como um luxuoso telefilme, falhando em ideias de cinema justamente onde a série as tinha... Uma oportunidade perdida de pegar numa grande obra e fazer algo de memorável para este novo tempo. Assim, mais vale pegar nos dvds e ver série original em todo o seu esplendor, ler o livro e ouvir o cd de Geoffrey Burgon com a banda sonora. E, sim estaremos aí muito perto da perfeição...
segunda-feira, novembro 17, 2008
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