Tenho a capacidade de concentração de uma mosca doméstica. Talvez devido a isso, tudo à minha volta fica reduzido flashes: curtos, luminosos, esparsos, descarnados. Vivo de imagens de coisas que, muitas vezes, não consigo identificar. Sei que é assim, vivo assim. Isto utdo porque fui ver Sobre a Mesa a Faca, co entre os Pragas e o Cão Solteiro. Soube, desde o primeiro momento, que iria ficar com uma mão-cheia de imagens, de sons, de filamentos dispersos. Sei que a imagem do Carlos Alves com a cabeça de cavalo vai ficar durante muito tempo na minha memória. Foram os gestos, a pose, os movimentos, o fato verde e muitos, muitos anos de reflexos de livros de Angela Carter. Assim mesmo. Não sei explicar melhor que isto. Fez sentido. Fez luz. Não vou parar de pensar nisso. E na Sofia Ferrão, imóvel, com a cabeça de lobo, esfíngica, labiríntica, exposta, tudo no mundo a passar por ela, a passar nela. Nem a voz a seu lado servia para mais do que reforçar a sua presença. Assim mesmo. No meio das palavras, o que ressaltou foi o silêncio, os gestos, ou a falta deles, até à explosão final: som e fúria, loucura e descontrolo e, afinal, o melhor cenário é aquele que é para ser destruído. Ou não. E as Buffalo Daughters. Aquilo que se diz sobre nós próprios vale o que vale e não vale nada. As palavras são isso mesmo, belas, bonitas e, acima de tudo, disponíveis, coisitas que servem para nos dar uma forma e uma forma ao mundo e às sua formas e às suas coisas. Não penso que consigamos descrever-nos com palavras nossas. Nem com as dos outros. Uma peça de teatro não serve para nada, a relação que os do palco estabelecem com os do outro lado, do público, não existe. Actores? Quem são? O que são? Servem para quê? E nós? Percebo que o Pedro Penim nos venha dar o dinheiro da bilheteira. Só podia ser assim. São as regras do jogo que se estabelece entre... bem, aquela gente no suposto palco e as outras pessoas, estejam onde estiverem. Por falar em Pedro Penim, tinha saudades de o ver assim, maravilhoso, como só ele consegue. Pode dizer-se que ele está como quer e como está bem, homem d'um raio. Salvé, Penime, que os deuses e as musas Te conservem. Os jornais que se te desfazem no corpo são algo que se cumpre. Epifania, como ele próprio disse, a rir. Piada. E daí... São duas horas e meio de espectáculo, com mais informação do que aquela que poderíamos absorver. Não importa, cada um de nós, os outros, a publicolândia, tira dali o que lhe aprouver. E é bom de ver os Pragas a crescer, dez anos depois, a seguir a um Título que colocou a fasquia tão alta. Mas as surpresas não páram, e ainda bem que assim é. Talvez não haja já limites. Só espero que isso não lhes corte as asas. Não poderia. Como se disse, as pessoas são maravilhosas. Seja. Basta isso. Venha a Agatha Christie.
Será que os Fischerspooner sobrevivem ao segundo álbum? Odyssey. Mirwais. Abril. Tenho andado a ouvir o #1. Vão em frente, passem da imitação à criação, sei lá em direcção ao quê. Compras recentes: Client, Felix DaHousecat, Lcd Soundsystem, tudo o que mantenha as máquinas a funcionar, como deve ser. E os Motiv8, de regresso...
O Frederico Lourenço faz livros bem dispostos, como me disse o Penetrador Gótico, sensíveis e giros, mas não muito profundos. Mas eu gosto do tipo e dos livros dele. A língua portuguesa e´um instrumento que deve ser cuidado. Por aí.
Expressão maravilhosa: Criminosos emocionais. E há tantos por aí...
Jonathan Caouette e Tarnation: o som e a música e a exposição enquanto exorcismo. Dá para pensar. E aquelas canções! O mais estranho é como se transforma uma pessoa normal numa pessoa louca... É tão fácil. A linha é mesmo muito fina...
Sócrates em S. Bento. O futuro deixará de ser encolhido? Rock on...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário