sexta-feira, abril 01, 2005

Demonologia

Matem os vossos ídolos. Matem aqueles de quem gostam. De uma forma ou de outra. Vejam-se livres das vossas famílias. Quebrem todo e qualquer laço com o mundo humano. Sejam monstros. Egoístas. Cruéis. Sem coração. Frios. Frios. Frios. Que se foda Deus e as Igrejas. Todas as religiões organizadas são uma perda de tempo. Marx, afinal, tinha razão. Comunguem com a natureza. Essa é a única religião. Nós e o mundo. O nosso mundo. As coisas que nos fazem felizes. Assim tão simples. Os prazeres e as emoções. Libertem os vossos demónios. Doce e cruel anarquia. Nada mais interessa a não ser a satisfação dos vossos desejos. O trabalho dá dignidade? Mas nem por sombras! A vagabundagem é a verdadeira arte. Ser vagabundo intencionalmente, com fervor. Tal como o grande Peter O'Toole. Dancem até cair. Fiquem loucos e percam todas as noções de Bem e de Mal. Como nas palavras de Madonna: "Aborrecem-me os conceitos de certo e errado". E ela sabe do que fala. O mundo é o vosso parque de diversões privado, aproveitem-no. Sejam jovens, devassos, irresponsáveis. O mundo não está à vossa espera e quando der por vocês já vai ser tarde. Bebam todo o Crystal cor-de-rosa que conseguirem, até vomitarem em cima uns dos outros e das roupas caras que estão a usar. E depois peguem no vosso Jaguar descapotável verde e desfaçam-no contra o novo Porsche do vosso melhor amigo. Façam como o Robbie Williams no vídeo de "Come Undone". Mas até às úlitmas consequências, sem a merda da moralzinha de pacotilha. A moral é a nova inquisição. Façam por a banir. A moral é merda. Sejam amorais. Se tiverem que morrer, façam-no com estilo. Jovens e deslumbrantes. Ouçam música bem alto, sob o efeito de todas as drogas conhecidas. Estejam com quem vos apeteçam. Esqueçam o amor. Dediquem-se à luxúria. Fodam até vos sairem os miolos. E então... comecem tudo outra vez! Até não restar mais nada de vocês e do mundo. Façam como o Bret Easton Ellis. Menos que Zero. Porque que raio não? E então, um dia, não há mais nada para fazer. Será nesse dia que terão atingido o vosso objectivo último: Fazer Tudo. Com ganas. Sem limites. Estarão mais próximos de Deus... Serão o vosso próprio Deus.

E o senhor Marquês, na alto da colina, vestido de branco, sorri, por entre os filtros de um Jeffrey Kimball às ordens de Ridley Scott, com banda sonora de Alexander Balanescu.

"... my work here is done..."

1 comentário:

Anónimo disse...

Bem primo!!!!.... Isso não estava fácil... será porque já eram quatro da manhã?!
De qualquer forma percebo-te. Muito bem. Aliás, mesmo muito bem. Especialmente nesta data em que o Papa morreu e que está tudo um bocadinho histérico demais para o meu gosto... Enfim!
... E gostei de ler a parte de que o Marx é que tinha razão... eu sabia que um dia irias lá chegar... :-)
Beijinhos grandes!!