segunda-feira, abril 18, 2005

O bafo cálido dos desejos/Archétipo

Perry Blake é uma criatura! Quem escreve aquelas palavras merece um lugar ao lado direito do Senhor! Seja o senhor quem... Reparem:

"I could kill a hundred times a day
just to find something that I would want to save
don't you know who owns the stars?
controls the sea?
when I stop to catch it all, it passes me.

we are not stars
we're nothing but descendants
of butlers and attendants
we are like cars
rusting in a graveyard with some forgotten saviours

I could host a funeral tonight
lift Her dress and kiss Her while she's still alive
she who kept a swallow in her mouth
just to make it think that it was flying south"

Não me interessa que possa parecer pretensioso. A pretensão é a água que lubrifica os carretos da inspiração. Estão a ver? Nem é difícil. Mas como soa bem, meus senhores, com soa bem e sabe bem pegar nas palavras e usá-las até perderem o seu sentido mais chão e voarem até aquele sítio onde são apenas simulacros. A palavra enquanto simulacro parece-me ser um muito bom ponto de partida para...

"... the fox in winter will sleep 'till spring in cold blue mountains/I don't dream anymore for there is a silence when two rivers meet." Opah...

Nestas efabulações leves como castas nuvens brancas e com tanta sustentação como um castelo em cima das ditas, esta parece-me ser a banda sonora ideal. Tudo nas proporções ideais: a frieza, a distância, a água benta, a pretensão, a árida beleza de um gume de metal, as referências em catadupa, oh, que doce tormento, que coisa! A nostalgia paralisante de um look que se torna inescapável e tão mortalmente bom... E é tão mais fácil não ter que fazer nada.

Nada, nada, nada, nada, nada...

Estou paralisado. Preso. Não tenho vida, apenas uma ameaça. Vã. Pisca-me o olho e sai a sorrir, inalcançável. Todos os começos do mundo já não me chegam.

Quero sentir a pele em chamas com um toque...

... alguém.

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