segunda-feira, abril 11, 2005

Estamos na sarjeta, mas a olhar para as estrelas...

- Consegues sentir o meu coração a bater?
- Como sempre.
- Isso significa que ainda há vida em mim, não é?
- Exactamente.
- Por vezes sinto que não a mereço...
- Porque não?
- Porque não sei o que fazer com ela.
- Tudo o que quiseres.
- Se fosse assim tão simples...
- É assim tão simples, basta quereres.
- Gostaria de poder acreditar nisso.
- E eu gostaria que acreditasses, por mim, por ti, por nós...
- Eu sei...
- Já falamos disto tantas vezes. Não sei o que te possa dizer mais.
- Não há mais nada a dizer.
- Pois não.
- Desculpa.
- Estou aqui contigo, não estou?
- Não me vais facilitar a vida, pois não?
- Não, não vou. Quero que o teu coração se despedace. Quero que chores.
- Nunca irás compreender.
- Não quero compreender.
- Não sou uma má pessoa.
- Não quero saber. Deves-me isso.
- Vai ser muito mau.
- Sabes que sim.Vais acabar comigo.
- Lamento, a sério.
- Isso não quer dizer nada, já usaste essas palavras vezes demais.
- Nunca te fiz promessas.
- Não faças isso, agora não, por favor.
- Ias dando cabo da minha vida.
- Mas não consegui, pois não? Não te preocupes. Até nisso falhei.
- Não quero que te vás embora.
- Eu também não quero ir embora, mas não me deixas outra alternativa.
- Sabes que tudo o que...
- Porque não olhas para mim?
- Porque não é essa a expressão que quero guardar do teu rosto.
- Já é tarde demais para isso, não te parece?
- Abraça-me.

Sines, Setembro 1998

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